Aviso à vaidade humana

Maldito diário,

Antes de morrer, eu queria conhecer a Capela dos Ossos, em Portugal. E isso é algo que eu não posso comentar em voz alta, porque fogem de assuntos mórbidos, às vezes até de um jeito estúpido, como se não fosse encontrar-se com a morte um dia.
 
Eu, particularmente, acho fascinante a frase de entrada da capela: “Nós ossos que aqui estamos, pelos vossos esperamos”.
Entre outras palavras escritas em cemitérios antigos que diziam: "És o que fomos, serás o que somos." Ou seja, um singelo aviso à vaidade humana e à fragilidade da vida.

Entrada da Capela dos Ossos de Évora

Aqui jaz, minha vida.

Maldito diário,

Neste momento perdido da minha medíocre existência eu me pergunto: qual foi o momento exato que eu parei de viver a vida? Porque eu não me sinto mais a dona e soberana das minhas vontades. Sinto que outras pessoas estão vivendo a minha vida por mim.
Eu não posso fazer o que eu quero.. eu tenho que seguir as regras.. tenho que me comportar de acordo com o que é a idealização do "certo" dentro das relações humanas.. e isso está me fazendo não querer fazer nada, nada mesmo. Nem estudar eu quero mais.. chega a me dá tremedeiras só de lembrar que eu estou mal na faculdade e não estou estudando neste momento.  Peso na consciência, zumbido no ouvido e pontadas na cabeças me mantêm acordada.
Eu não posso fazer o que eu quero.. eu tenho que me policiar para não ser mal interpretada com alguma atitude que seria verdadeiramente inocente e livre de malícias.
Eu não posso fazer o que eu quero.. eu não tenho capital, porque eu sou inútil. Eu sou como um móvel sem serventia e sem oportunidades, ou sem competência para aproveitá-las por estar sempre "fora de órbita".
Eu não posso fazer o que eu quero.. eu tenho que agradar, e eu não tenho feito um bom trabalho, exceto quando estou abatida, com olheiras.. me parece que eu só agrado quando estou triste, mas também tem que ser uma tristeza silenciosa, porque se, porventura, eu reclamar da vida, estarei sendo dramática, estarei querendo chamar a atenção.
Eu realmente gostaria de saber onde foi que eu parei, porque, por mais que eu tente, eu não saio do lugar. E que lugar é esse eu não sei, só sei que me perdi.

27.05.2017 | 20:24

Maldito Nó

Maldito diário,


Ontem perdi uma pessoa preciosa.. alguém que alegrava os meus dias, as minhas tardes, minhas noites e madrugadas. Alguém que não exitaria em me ajudar como pudesse.

Ele era um ser especial, único, talentoso.. um amigo insubstituível. Jeitoso em tudo que fazia. Teve a habilidade para fazer aquele maldito nó que eu nunca consegui.

Desenhista, Poeta, Artista... Você se foi, mas a sua arte ficou, assim como a sua eterna lembrança. Yanne, Vanessa e eu guardaremos suas anotações com carinho e saudade.

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" Ben Hur - 15 de maio de 2016

Ben Hur compartilhou uma lembrança.

15 de maio às 07:53 · 

Se os teus olhos já não suporta mais ver o mundo.
Arranca-os!
Se tua alma já está cansada de tudo que repousa sobre ela, e sentes todo o fardo da humanidade,
arranca pois tua dor com as próprias mãos.
Guarda no esquecimento o que nunca foi real!
O corpo adormece, mas a mente jamais repousará; Alexis "



É por isso que estou apagando quase todos do meu perfil.. gente demais só faz atrapalhar. Algo dessa importância eu não vi.. eu não vi. Parei de viajar no feed. é muita vaidade, futilidade, violência e postagens inúteis, que não me trazem nenhum bem, muito pelo contrário. Minha meta era 200, mas acho que 100 é mais que suficiente.

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Eu queria avisar a todos aos mesmo tempo.. e o que consegui postar foi . . .


Eu poderia dizer o que todo mundo diz... que ele foi fraco.. que foi egoísmo de sua parte nos deixar.. que ele deveria ter tentando mais, ter esperado mais.. que dificuldades todos têm. Mas eu não sou todo mundo. Eu não serei IGNORANTE como a maioria.

Eu não vou culpar, não vou julgar, não vou menosprezar a sua dor e o seu desespero que eu acompanhei de perto.


Eu vou culpar a mim mesma que, dessa vez, não percebi a corda pendurada em seu pescoço, disfarçada atrás de um sorriso, naquela sexta passada, mesmo dia em que ele quis tirar foto comigo lá no por do sol do Hotel Globo e eu não quis. Eu poderia ter comigo o seu último sorriso registrado numa foto, mas eu não quis (tenho meus motivos) e o fiz apagar. Eu poderia ter cortado o seu cabelo como daquela vez, apesar da minha falta de talento pra cabeleireira.. ele disse que tenho as mãos macias. Eu poderia ter adivinhado isso quando nos falamos ontem, mas esse é o problema das redes sociais.. só podemos falar merdas e merdas e ouvir um tudo bem e só e pronto e acabou.

Minha culpa seria bem maior se ele tivesse falado comigo.. naquele horário eu não poderia ouvir o seu chamado, como ele sabia.

Estou falando na terceira pessoa.. porque ele não vai vir aqui ler.. é pra você que leu até aqui. Não brinque com a Depressão, com distúrbios mentais e emocionais. Não seja um merda, e se for, ainda dá tempo de mudar.

A dor dele se foi, a minha, não.


***Alexis, sei que você não existe mais e não poderá ouvir a minha resposta a sua despedida, mas.. EU TAMBÉM TE AMO.




Luto por Alexis Ben Hur​



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Humor Mórbido - Coelhinhos Suicidas

Maldito diário,

Encontrei, por acaso, uma coleção de cartoons de um artista britânico Andy Riley sobre os coelhinhos que simplesmente não querem mais viver e arrumam as formas mais incríveis de cometer suicídio. Humor mórbido que eu tanto gosto.

Pode até parecer patético, mas, às vezes, me sinto como um desses coelhinhos.

*** Segue alguns dos desenhos do sr. Riley

Book of Bunny Suicides: Little Fluffy Rabbits Who Just Don’t Want To Live Any More, por Andy Riley.

Dia das mães no calabouço

Maldito diário, 

Meu estado emocional atual está me deixando cada vez pior na faculdade, nas amizades, com a minha mãe, no meu relacionamento, em tudo. 
Sinto que estou perdendo o controle da minha vida.


Precisava estudar esse final de semana, mas passei o dia todo esquentando a cama, sentindo o cheiro de mofo nas paredes com infiltração, acariciando a barriga da Lílly (minha gatinha grávida)... 

Ainda fui lá fora ver a reação da minha mãe ao ver o presente que deixei em seu quarto no sábado à noite. Ela me magoa muito, mas achei que hoje seria diferente, mas, não, ela teve que destilar um pouco de veneno. Murchei, voltei para a minha solidão do quarto que, ao contrário do que se possa pensar, me faz bem. Talvez isso tenho me dado forças pra ir almocei com ela na mesa.. sem lembrar de nada ruim, sem negatividade nos pensamentos.. sem pensamentos algum, aliás, apenas comi. 
Eu queria querer ter forças para expulsar que esse desgosto do meu peito, mas estou sem esperanças no momento, vou torcer para que essa mágoa não se transforme em medo.

Amanhã já é segunda e eu tenho que levantar, ir pra faculdade, fazer trabalho, estagio, ver pessoas as quais não faço parte de suas mundinhos "egocentricamente" particulares, só para dificultar ainda mais a minha situação desesperadora. E, na terça, tenho que levar a "tarefinha" que a psi pediu para fazer, que é para escrever os motivos que eu tenho para estar viva.. e eu ainda não pensei quais mentiras usar. 

A Igreja do Diabo

Maldito diário, 

Vou deixar um resuminho de uma historinha de Machado de Assis para areflexão . . .


Com inveja e DEUS, o DIABO fundou uma igreja, achando que ele também tem direito ao culto. Em defesa do vício, do estelionato, do adultério e de tudo que for sujo e ilícito. De repente, tudo escapou ao controle do Diabo: um dos seguidores começou a dar esmola e fazer caridade escondido.. outro passou a ser fiel à sua esposa.. outros deixaram de aceitar dinheiro fácil.. alguns deixaram de falar mal da vida alheia.. outros abandonaram a vaidade e o orgulho e passaram a ser humildes de coração... O Diabo não sabia mais que fazer, por mais que pregasse, as pessoas começaram a violar os seus mandamentos e praticar o bem. 
Sorrindo, Deus disse ao Diabo: -É a natureza humana. Tudo que você mandar fazer, eles farão ao contrário. 
Desiludido, o Diabo percebe que na igreja dele, o Vício é a Virtude, e na igreja de Deus, a Virtude é o Vício. 





"...UMA VEZ na terra, o Diabo não perdeu um minuto. Deu-se pressa em enfiar a cogula beneditina, como hábito de boa fama, e entrou a espalhar uma doutrina nova e extraordinária, com uma voz que reboava nas entranhas do século. Ele prometia aos seus discípulos e fiéis as delícias da terra, todas as glórias, os deleites mais íntimos. Confessava que era o Diabo; mas confessava-o para retificar a noção e que os homens tinham dele e desmentir as histórias que a seu respeito contavam as velhas
beatas.
- Sim, sou o Diabo, repetia ele; não o Diabo das noites sulfúreas, dos contos soníferos, terror das crianças, mas o Diabo verdadeiro e único, o próprio gênio da natureza, a que se deu aquele nome para arredá-lo do coração dos homens.

Clamava ele que as virtudes aceitas deviam ser substituídas por outras, que eram as naturais e legítimas. A Soberba, a Luxúria, a Preguiça foram reabilitadas, e assim também a avareza, que declarou não ser mais do que a mãe da economia. A Ira tinha a melhor defesa. O mesmo disse da Gula, que produziu as melhores páginas de Rabelais, e muitos bons versos do Hissope; virtude tão superior, que ninguém se lembra das batalhas de Luculo, mas das suas ceias; foi a gula que realmente o fez imortal. Mas, ainda pondo de lado essas razões de ordem literária ou histórica, para só mostrar o valor intrínseco daquela virtude, quem negaria que era muito melhor sentirna boca e no ventre os bons manjares, em grande cópia, do que os maus bocados, ou a saliva do jejum? Pela sua parte o Diabo prometia substituir a vinha do Senhor, expressão metafórica, pela vinhado Diabo, locução direta e verdadeira, pois não faltaria nunca aos seus com o fruto das mais belas cepas do mundo. Quanto à inveja, pregou friamente que era a virtude principal, origem de prosperidades infinitas; virtude preciosa, que chegava a suprir todas as outras, e ao próprio talento..."

Angustia existencial

Maldito diário,

Tenho andado tão catatônica que precisaria de um impulso relativamente forte para fazer qualquer tipo de "besteira". Angustia existencial chegou no começo da semana (como se ela fosse embora) e hoje foi mais um dia de "MENTO"... isolamento, sofrimento, arrependimento, afastamento,  retraimento, insulamento...

Neste momento, eu deveria estar na sessão de hoje, há 28 minutos.